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Medidas para enfrentar a crise

A indústria nacional, bem como toda a sociedade, está apreensiva com a rapidez com que a crise se alastra no Brasil

A maior preocupação hoje, não só dos trabalhadores, mas também dos empresários, da sociedade e do governo, é manter o nível de empregos. “Com uma previsão de crescimento mundial para este ano próxima de zero e de 1% para o Brasil, o impacto sobre o emprego será intenso”, afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp/Ciesp – Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. “Por isso, para nós, este assunto é prioridade. Em nosso entendimento, não é necessário flexibilizar ou criar novas leis, mas utilizar recursos já previstos na Constituição brasileira, como a redução da jornada de trabalho, banco de horas e férias coletivas. O tempo poupado dos trabalhadores pode ser preenchido com cursos gratuitos de qualificação profissional. No Senai de São Paulo, por exemplo, oferecemos 100 mil vagas de cursos para trabalhadores que tiverem redução ou suspensão da jornada de trabalho”.

Ele afirma que a indústria quer fazer sua parte, mas necessita da ajuda governamental para criar condições que propiciem a retomada do crescimento, garantam a continuidade da produção e a manutenção do emprego. “O que a sociedade espera do governo são medidas práticas e imediatas, evitando a ampliação da crise e de suas consequências. É premente o governo reduzir juros, spreads bancários, impostos e também investir em infraestrutura. São ações básicas que devem ser tomadas o quanto antes.  Se quisermos sair da crise, precisamos ser ágeis, o tempo não vai nos esperar. O Brasil tem o maior spread do mundo, que chega a ser 10 vezes superior ao dos países desenvolvidos”.

Não existe solução mágica   
“A Fiesp tem exercido sua liderança de maneira compartilhada, ouvindo o governo, as centrais sindicais e os demais setores da sociedade brasileira”, ressalta Paulo Skaf. “Sabemos que não existe solução mágica para combater a crise. Apenas por meio de um conjunto de medidas sólidas, consensuais, que respeitem as necessidades de todos os brasileiros, é que nossa nação conseguirá emergir e descolar-se da crise, espero, muito mais rápido do que outros países. Agora, o mais urgente é garantir que os recursos injetados no sistema financeiro por meio da liberação dos depósitos compulsórios cheguem à economia real”.

Outro ponto fundamental, a seu ver, é um drástico corte das despesas de custeio das máquinas estatais. “O governo, com algumas exceções, continua sendo gastador e, o que é mais grave, sem devolver à sociedade benefícios e serviços proporcionais ao montante de recursos que retira nos impostos. É essencial ainda, como temos defendido sempre, a desoneração tributária em larga escala. Quanto mais desoneração, mais a sociedade vai aplaudir, como o fez na derrubada da CPMF”.

Um setor estratégico
Com a crise, o Brasil, sem dúvida, sofre algum impacto, já que uma parcela expressiva da economia nacional depende das exportações. Como grande parte dos países desenvolvidos já se encontra em recessão, não há como não ser afetado. Uma saída para dinamizar a economia e incrementar os empregos é incentivar a construção civil. “O amadurecimento do setor brasileiro da construção, com gestão modernizada, novo sistema de financiamento e captação de recursos via mercado de capitais, é sólido e o capacita a crescer, mesmo diante da turbulência”, observa o presidente da Fiesp. “É um setor estratégico e imprescindível na neutralização dos efeitos da crise. É por meio de investimentos maciços em infraestrutura e habitação que vamos gerar mais empregos e manter a competitividade de nossa economia. Um dos grandes méritos do construbusiness é justamente integrar diferentes elos da economia nacional e propor soluções de longo alcance para toda a sociedade”.

Política educacional
Diante da rápida expansão do mercado da construção, o Senai de São Paulo, entidade ligada à Fiesp, preocupou-se em atender prontamente a necessidade do segmento de suprir a escassez de mão-de-obra qualificada. “Investimos mais de R$ 7 milhões para a capacitação anual de 42 mil profissionais para o setor, cujo índice de postos de trabalho teve um aumento superior a 50% nos últimos cinco anos”, conta Skaf. Os cursos de capacitação e de requalificação incluem a formação de pedreiros, eletricistas, encanadores e outras categorias fundamentais.

Uma das bandeiras da Fiesp é justamente o entendimento de que não se pode falar em progresso e crescimento sem uma política educacional consistente. “Através do Senai, contribuímos para que trabalhadores tenham oportunidade de desenvolver uma carreira e para que as empresas melhorem e ampliem sua produtividade”, afirma o presidente. “Em 2008, tivemos mais de 1 milhão de matrículas em nossos cursos de capacitação espalhados por todo o estado de São Paulo. Com uma formação completa, preparamos um profissional para enfrentar o mercado de trabalho e um ser humano pronto para os desafios da vida”.

Legenda da foto

Paulo Skaf: “Se quisermos sair da crise, precisamos ser ágeis”
Crédito: Kenia Fernandes